Arquitetura
Trazendo a ousadia criativa como marca de seu traço fluido, Rafael Patalano e Ivo Mareines, do Mareines + Patalano Arquitetura, desenvolveram a arquitetura desta casa de veraneio em Campos do Jordão, São Paulo, de acordo com a cultura, a natureza e a poética do nosso país.
Com uma morfologia orgânica sustentável, a obra foi executada quase 100% pela primorosa mão de obra local. A construção brotou como se as árvores tivessem jogado mais um fruto na terra. O interior é uma mandala que protege seus moradores das intempéries, ao mesmo tempo que se abre para a paisagem.
Implantada no topo de um morro na “Suíça Brasileira”, a casa de formato elíptico apoia-se sobre 25 pilares estruturais que sustentam quatro pavimentos distribuídos em 1.300 metros quadrados. A floresta de araucárias e pinheiros selvagens é maravilhosa, mas a vista que se tem, por dentro e por fora, enche os olhos e a alma.
A estrutura metálica é revestida por marcenaria artesanal de peroba-mica certificada do Pará. A linguagem coesa do revestimento interno e externo se restringe apenas a mais dois materiais: a pedra de ardósia ferrugem com filetes assentados na horizontal, e o vidro temperado com placas produzidas uma a uma, devido ao mapeamento da ousada curvatura.
Tudo ali é incomum: a circulação interna é feita por passagens curvas, suaves; a entrada por um subsolo à meia luz encaminha o visitante a uma rampa helicoidal que se ilumina à medida que a luz natural cruza os grandes panos de vidro, responsáveis por descortinar a paisagem da Serra da Mantiqueira, e conduz ao majestoso social com pé-direito de 7 metros.
Os ambientes minimalistas, quase monásticos, com mobiliário essencial ao conforto, desdobram-se a partir daí. A arte está na própria natureza e na casa em si.
Imagens: Leonardo Finotti / Divulgação.